Grãos – Existe alguma vantagem? Parte 2
Escrito por Mike Sheridan:
Grãos – Os consistentes contras
Quando os alimentos são imunogênicos significa que ativam o sistema imune e induzem a inflamação. Embora algumas pessoas façam esforços para absterem-se de alimentos que são alérgicos a (ou seja ativa imunoglobulina E), muitos estão, sem saber, consumindo alimentos que são imunogênicos. O exemplo mais comum é o trigo, com algumas pesquisas mostrando que promove a inflamação em mais de 80% da população. [XXVI]
Intolerância ao glúten: o renomado pesquisador, Dr. Kenneth Belas, acredita que 1 em cada 3 americanos são intolerantes ao glúten e 8 em cada 10 tem os genes para desenvolvê-lo.
Mesmo se esquecermos o glúten por um instante, muitas das proteínas gliadinas do trigo e outros grãos são responsáveis por induzir uma resposta imune pró-inflamatória, [ xxvii ] seja uma intolerância reconhecida pela pessoa ou não. [ xxviii ] Um artigo de Ian Spreadbury em 2012 sugere que isso é em parte o resultado de uma bactéria hostil que surge após a quebra de carboidratos acelulares (grãos, farinha, açúcar) . [ xxix ]
Teor de carboidratos de fontes ancestrais (em branco), comparado com grãos (Cinza)
Basicamente, aquele pão de forma que você acabou de engolir foi usado por esta bactéria.
Descobertas similares têm determinado que uma endotoxina chamada LPS (lipo-polissacarídeos) é elevada no trato gastro intestinal quando a típica dieta rica em carboidratos, com diversos grãos processados é consumida, [xxx] e isso está fortemente correlacionado com a obesidade e diabetes [xxxi] – algo não visto em populações tradicionais que não comem este tipo de coisa. [xxxii]
Inflamação crônica do intestino também promove um aumento na permeabilidade intestinal (intestino permeável), que está associada a várias [XXXIII] e doenças inflamatórias e autoimunes do intestino, [XXXIV] e afeta negativamente a absorção de vitaminas e minerais essenciais. [XXXV] Essencialmente, os grãos são um golpe duplo, como eles danificam o revestimento intestinal onde os nutrientes são absorvidos, e a maioria deles vêm equipados com “antinutrientes” (ácido fítico e lectinas) que impedem a disponibilidade de nutrientes.
Um documento divulgado em 2005 salientou que a mudança para uma subsistência agrária baseada em uma dieta rica em cereais, rica em antinutrientes, é a culpada pelo desenvolvimento da resistência à leptina e as doenças degenerativas que vem com ela. [Xxxvi]
Embora a atividade da lectina tem sido demonstrada numa variedade de cereais (centeio, cevada, aveia, etc), a aglutinina do gérmen de trigo (WGA) é a estudada de maneira mais abrangente, e sua maior concentração está no trigo. [XXXVII] WGA e outras lectinas têm a capacidade de ligarem-se a quase todos os tipos de células, [XXXVIII] inclusive, as do intestino. [XXXIX] Similarmente à gliadina e as outras proteínas do trigo, as lectinas promovem uma resposta inflamatória [XL] e afetam indivíduos sem alergias identificadas. [xli]
Sim, outros alimentos são ricos em lectinas e fitatos (ex: nozes e sementes), [xlii] mas há menos dependência destes alimentos como um alimento básico e estes são nutritivos e pobres em carboidratos. Estes nutrientes não parecem causar problemas em pequenas quantidades, [xliii], mas o dano digestivo torna-se cada vez mais proeminente com o consumo consistente e excessivo. Infelizmente, isto tornou-se característico para grande parte da população quando se trata de grãos.
O pão ou cereal integral no café da manhã, sanduíche para o almoço, massas para o jantar causam danos no intestino e não dá oportunidade para o reparo das células. [Xliv]
A maior preocupação é para aqueles que evitam proteínas de boa qualidade animal e até mesmo vegetal, mas optam por consumir grãos, feijão, e nozes como única fonte de proteína. Isso não só irá deixá-los extremamente deficientes em nutrientes essenciais, mas o consumo excessivo de fitatos e lectinas diminui a disponibilidade de nutrientes dos alimentos que consomem, e danifica o revestimento intestinal onde os nutrientes são absorvidos. [Xlv]
Os fitatos e lectinas podem ser removidos em parte com procedimentos de preparação apropriadas (tais como germinação, imersão na água, fermentação e cozimento a pressão), mas as pesquisas nos dizem que apenas 50% dos fitatos são removidos com um 18h de molho na água, [xlvi] e a maioria das lectinas são resistentes ao calor. [xlvii]
Um estudo de 2002, no Journal of Food Science determinou que com 16h de molho na água não houve redução no teor de ácido fítico. [Xlviii]
Mais importante, dada a norma norte-americana da velocidade e conveniência em detrimento da qualidade, que percentagem da população está realmente passando por este processo na preparação dos grãos?
Estamos tentando fazer com que uma comida não comestível se torne comestível e benéfica.
Talvez 0,0001 % da população tomará os necessários 5 dias para manter em 30 graus Celsius a aveia, brotá-la, e mantê-la durante 17 horas a 70 graus Celsius para enfim remover 98% do ácido fítico . [ Xlix ] E ainda por cima, depois de tudo isso, o que que nos resta?
30 gramas de carboidratos em meia xícara!
Independentemente de você mergulhar ou não os grãos para remover o ácido fítico e acessar mais nutrientes, isso não muda o fato de que eles ainda são muito ricos em carboidratos – disparam a sua produção de insulina. [L] Você sabe, aqueles que fazem os níveis obesidade disparar.
Os norte-americanos permanecem gordos e ficam doentes porque eles priorizam alimentos que são ricos em carboidratos. E eu não estou falando sobre o creme em seu café ou seu omelete. Quero dizer o pão para o café da manhã, massas e sucos para o almoço, pizza para o jantar, e pipoca na frente da tv.
Felizmente, muitos estão finalmente entendendo a mensagem de que o açúcar é ruim, mas eles estão falhando em reconhecer que o pão que eles estão comendo com geleia zero aumenta o açúcar no sangue mais rápido do que o açúcar de mesa puro. [Li]
E os grãos inteiros?
Apesar do que foi dito (e continuam a dizer), a diferença do açúcar sanguíneo entre o grão inteiro e grãos refinados é pequena. [Lii] Da mesma forma, trocar grãos refinados por grãos integrais na mesma quantidade não leva a reduções significativas na gordura corporal ou outros fatores de risco para a síndrome metabólica, apenas quando o consumo total é reduzido. [liii]
São fontes que excessivamente contribuem para a nossa carga diária de carboidratos. 1 porção de grãos adiciona pelo menos 30 gramas de carboidratos desprovidos de nutrientes, que, eventualmente, é quebrado no intestino para os mesmos açúcares simples (glicose) como barras de chocolate. [Liv]
E além de promoverem a resistência à insulina, obesidade e diabetes, esses níveis de açúcar no sangue cronicamente elevados (hiperglicemia) estão impulsionando as doenças degenerativas do coração [lv] e no cérebro. [Lvi] [lvii]
“A hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) tem sido proposta como um mecanismo que pode contribuir para a diabetes e a função cognitiva reduzida.” [LVIII]
Infelizmente, o excesso de gordura corporal [lix] e a intolerância à glicose [lx] que se desenvolvem a partir de uma dieta baseada carboidratos com alto índice glicêmico também estão associados diretamente com a mortalidade por câncer. [Lxi]
Grãos, só desvantagens
Basicamente, grãos integrais contra grãos refinados é uma escolha entre a inflamação e hiperglicemia e carência nutricional.
Dizer para você comer grãos por causa dos nutrientes é como dizer que você vá para o clube de strip tease e busque ação. Embora pareça que estão disponíveis, é evidente que você não está ganhando nada.
Há uma abundância de alimentos que fornecem nutrientes acessíveis e fibras benéficas, sem as consequências negativas de saúde que vêm com grãos. Empresas de pães e cereais e governos financiados por eles estão lhe dizendo o contrário.
Consumo de grãos = Vendas de pães e cereais = Financiamento do governo americano
Pessoalmente, eu não confiaria em ninguém que me diga que preciso comer grãos, porque não preciso. O que preciso, é menos gordura corporal e inflamação, e um intestino mais forte, mais saudável.
[xli] http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0014579396011544
[xlii] http://ajcn.nutrition.org/content/33/11/2338.full.pdf+html
[xliv] http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0000687
[xlv] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1115436/?tool=pubmed
[xlvi] http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0308814694902135
[xlvii] http://informahealthcare.com/doi/abs/10.3109/13590849109084100
[xlviii] http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2621.2002.tb09609.x/abstract
[xlix] http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2621.1992.tb14340.x/abstract
[l] http://m.ajcn.nutrition.org/content/76/1/5.full.pdf?sid=6f6fd7cc-dd9c-4c02-82b2-b959f5649453
[li] http://ajcn.nutrition.org/content/76/1/5.full
[lii] http://m.care.diabetesjournals.org/content/4/5/509.full.pdf
[liii] http://ajcn.nutrition.org/content/early/2014/06/18/ajcn.113.078048.short
[liv] http://www.huffingtonpost.ca/mike-sheridan/sugar-carbohydrates_b_6586584.html
[lv] http://care.diabetesjournals.org/content/early/2014/10/14/dc14-0360.abstract%20
[lvi] http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1215740
[lvii] http://www.neurology.org/content/79/10/1019
[lviii] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22710333
[lix] http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa021423
[lx] http://aje.oxfordjournals.org/content/157/12/1092.full.pdf
[lxi] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3267662/
[lxii] http://www.nature.com/ejcn/journal/v68/n7/abs/ejcn201475a.html
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