Marina Teodoro
Aprovado em toda Europa, medicamento ainda não tem previsão de chegada ao Brasil; entenda como a doença reumatologica afeta as articulações
Mais de 2 milhões de pessoas sofrem com artrite reumatoide no Brasil%2C de acordo com o Ministério da Saúde
Foto: Pixabay
Dores nas articulações, inchaço – principalmente nas mãos e pés -, nódulos, vermelhidão e deformidade nos membros afetados: essa é a vida dos mais de 2 milhões de brasileiros que convivem com artrite reumatoide (AR).
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Considerada uma das principais condições reumáticas ao lado da artrose, a artrite reumatoide também é lembrada no Dia Nacional da Luta Contra o Reumatismo, celebrado nesta segunda-feira (30), pelas novidades em seu tratamento que teve resultado positivo considerável para quem sofre com a doença.
No último mês, o 34º Congresso Brasileiro de Reumatologia, que aconteceu em Florianópolis, apresentou uma nova droga, o baricitinib, que demonstrou avanços significativos relacionados à melhora dos pacientes com a condição.
Trata-se de um medicamento de uso oral, o que já é considerado um ponto bastante positivo para facilitar o tratamento dos pacientes. Essa é a grande novidade na área da reumatologia, conforme declarou um dos principais especialistas de AR da atualidade, Josef Smolen, professor da Universidade Médica de Viena, na Áustria.
Josef Smolen%2C reumatologia
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“Desde 2009 não temos novas drogas e novos tratamentos. Agora, neste ano, surgiram três novas drogas, entre elas o baricitinib, inibidor que age na estrutura da célula e serve para qualquer problema reumatológico”, analisa o professor.
A substância está presente em um remédio chamado Olumiant, fabricado pelo laboratório farmacêutico Eli Lilly, que está disponível na Europa, mas ainda não tem data para chegada no Brasil.
O medicamento é indicado para o tratamento de AR ativa nos estágios moderado e grave em adultos que não tiveram resposta adequada aos tratamentos tradicionais da doença, os antirreumatismais modificadores da doença.
Smolen explica que as chances de respostas positivas dos pacientes aos remédios comuns são de 20% a 30%, usando qualquer droga. ”Quando esses tratamentos falham, a eficácia vai ser apenas de 10 a 15%. Por isso, qualquer nova medicação é uma oportunidade para tratar mais pessoas”, afirma.
Um estudo recente, e apresentado durante o congresso, apontou que com o uso de baricitinib a resposta positiva dos pacientes que participaram da pesquisa chegou até 60%.
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‘Tratamento não pode esperar’
A novidade é bastante aguardada pela comunidade médica e de pacientes no Brasil. Apesar de não haver cura, medicamentos especializados e fisioterapia fazem toda a diferença para a qualidade de vida do paciente com a condição. Sem ajuda médica, 20 a 30% das pessoas acometidas pela enfermidade podem ficar permanentemente incapazes de realizar suas atividades após três anos do diagnóstico.
Até que a nova droga seja aprovada em território nacional, Lívia Gonçalves, gerente médica autoimune do laboratório farmacêutico Eli Lilly, garante que a cobertura de medicamentos no Brasil é ampla e atende às necessidades da população.
“Há uma série de medicações disponibilizadas tanto no SUS quanto no setor privado. O sistema público é abastecido por todos os remédios orais, conhecidos como modificadores da doença, que são drogas sintéticas usadas para evitar o edema nas articulações, dor, limitação do movimento e degeneração óssea associada à doença. Quando os pacientes perdem a resposta e esse tipo de medicamento, podem progredir para os biológicos, que também são disponibilizados”, ressaltou Lívia.
Artrite é uma doença sem cura, mas que pode ser controlada com o uso de medicamentos e melhorada com o diagnóstico precoce
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O diagnostico precoce é outro artifício que pode ajudar no controle da doença. “A artrite reumatoide pode começar em qualquer idade. Pode atingir um bebê de dois meses ou um senhor de 90 anos. Mas o importante é tratar a doença assim que diagnosticada, e não esperar pois essa é uma doença que se modifica”, alertou o professor Smolen.
Converse com seu médico
Autoimune, inflamatória, sistêmica e crônica, a doença é mais presente entre as mulheres e a incidência aumenta com a idade. O maior pico é entre os 30 e 50 anos. A artrite reumatoide provoca uma inflamação nas articulações, afetando seus revestimentos e provocando dores desconfortáveis e até impedindo a movimentação.
Apesar de comum, ainda falta informação à população sobre a AR. Uma das principais dúvidas é como ela ocorre. “A doença provoca uma reação no sistema imunológico, fazendo com que ele ataque os próprios tecidos e articulações do organismo”, explicou Lívia Gonçalves.
O reumatologista da Universidade Médica de Viena, na Áustria chama a atenção para uma medida importante, que deve ser tomada por quem recebe o diagnostico de artrite reumatoide além de fazer o tratamento. “Converse com o seu médico. Esteja preparado para fazer perguntas e só saia do consultório quando as dúvidas estiverem sanadas”, alerta Smolen, que reconhece o diálogo entre médico e paciente fundamental.
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