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Procedimento inédito no mundo aconteceu no Hospital das Clínicas, onde foi feito o parto do bebê gerado no útero transplantado que foi doado por uma paciente com morte cerebral; entenda como foi realizada a técnica
Até o momento, as doações de úteros eram feitas por mulheres em vida; procedimento ainda está em sendo explorado pela medicina
Foto: Pixabay
Na última sexta-feira (15), a equipe médica do Hospital das Clínicas em São Paulo realizou um procedimento inédito no mundo: pela primeira vez, um bebê gerado em um útero transplantado de uma doadora com morte cerebral conseguiu foi concebido através de uma cesariana.
No início do mês, os Estados Unidos registraram o nascimento de um bebê saudável de uma mãe com útero transplantado. A doação, porém, teria vindo de uma paciente viva. No caso do Brasil, diversos países já haviam tentado realizar esse procedimento, mas nenhuma gestação havia chegado ao fim com sucesso.
Até então, apenas o Hospital Universitário Sahlgrenska em Gotemburgo, na Suécia, havia registrado nascimentos desse tipo. O primeiro aconteceu em 2014, e depois disso, outras sete crianças foram concebidas nas mesmas condições.
Mas, diferente do que aconteceu na capital paulista, a maioria dos procedimentos havia sido feita com doadoras vivas, que cederam o útero para outras mulheres que gostariam de engravidar.
Ainda assim, a gravidez desse tipo é considerada arriscada, já é que é necessário que o órgão se adapte ao organismo e não seja rejeitado, além das alterações que o útero sofre, que podem comprometer o processo gestacional.
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Transplante
O procedimento aconteceu no ano passado e foi realizado pela equipe de ginecologia do Hospital das Clínicas, com a ajuda do grupo de transplante hepático da USP. Meses depois, a paciente foi submetida a uma inseminação artificial.
Antes, os EUA e a Turquia tentaram realizar a mesma técnica, com o útero vindo de uma doadora com morte cerebral. No entanto, o órgão foi rejeitado pelo organismo logo após a cirurgia no caso da americana, e a turca sofreu um aborto espontâneo.
Riscos
Apesar de ser um procedimento que pode trazer a esperança para as mulheres que não conseguem engravidar, como todo transplante, é necessário o uso de medicamentos imunossupressores, para evitar a rejeição do órgão, o que faz com que o sistema imunológico da paciente fique comprometido.
Por esse motivo, os médicos alertam que esse procedimento deve ser feito apenas para uma ou duas gestações, e depois o útero deverá ser retirado definitivamente e a mulher poderá viver sem remédios.
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